O mercado de TV por assinatura está encolhendo no Brasil, com apenas 25,2% dos lares utilizando o serviço, enquanto 94,3% possuem televisão, segundo dados da PNAD. O alto custo e a falta de flexibilidade dos pacotes tradicionais têm afastado consumidores, enquanto as opções de streaming se multiplicam e tornam as assinaturas mais caras.
Diante desse cenário, a Watch Brasil, empresa curitibana fundada em 2017, enxergou uma oportunidade: reunir canais ao vivo e conteúdos sob demanda em uma única plataforma, atuando como um elo entre o streaming e os provedores de internet.
Hoje, a Watch Brasil tem parceria com 1.600 provedores, alcançando cerca de 15 milhões de assinantes indiretos. A empresa possibilita que esses provedores ofereçam pacotes com conteúdos de grandes players, como HBO, ESPN, Globo e Paramount+, além de canais tradicionais da TV fechada.
Mas a Watch Brasil não se posiciona como uma distribuidora de conteúdo, como Netflix ou Globoplay. “Somos uma empresa de tecnologia que entrega uma solução completa para provedores de internet”, explica o fundador Carlos Mendes.
A estratégia tem mostrado resultados expressivos. Em março de 2024, a empresa divulgou uma receita de R$ 50 milhões, um crescimento de 96% em relação ao ano anterior, quando faturou R$ 37 milhões. Esse avanço foi impulsionado, em parte, por um aporte de R$ 28 milhões da Bertha Capital, gestora de Corporate Venture Capital da Multilaser.
De executivo do mercado financeiro ao empreendedor de tecnologia
Antes de fundar a Watch Brasil, Carlos Mendes construiu sua carreira no setor financeiro, atuando por 10 anos no Itaú BBA. Sua experiência estava voltada para análise de negócios, sem envolvimento direto com tecnologia ou telecomunicações.
A virada aconteceu em 2016, quando Mendes trabalhava em um fundo de investimento nos Estados Unidos. Lá, ele acompanhou de perto o crescimento de plataformas como YouTube TV, que combinavam canais ao vivo e conteúdos sob demanda. Enquanto isso, gigantes como Netflix e Amazon Prime Video consolidavam suas bases de assinantes e ampliavam a concorrência no mercado.
No Brasil, Mendes percebeu uma lacuna: provedores de internet regionais tinham demanda por conteúdo, mas não conseguiam acessar grandes programadoras internacionais. A crescente expansão da fibra óptica também indicava que o momento era ideal para levar uma solução de streaming de qualidade ao país. A presença da tecnologia nos domicílios brasileiros saltou de 31% em 2019 para 70% em 2023, segundo relatório do BTG Pactual.
Próximos passos
Para 2025, a Watch Brasil planeja lançar um pacote gratuito, no qual parte do catálogo será disponibilizada para clientes das provedoras parceiras, com suporte de anúncios. Além disso, a empresa pretende expandir seu catálogo e estabelecer novas parcerias regionais para consolidar sua presença no mercado.