O Google reconheceu de forma indireta que eliminou avaliações negativas contrárias à mudança do nome do Golfo do México para Golfo da América no Google Maps. Além disso, a empresa desativou a opção de sugerir edições ou relatar possíveis erros na nomenclatura do local.
“Costumamos colocar proteções em lugares em momentos em que prevemos um aumento de contribuições que não são relacionadas ao tópico ou à experiência direta de alguém com o lugar”, afirmou um porta-voz do Google por e-mail, direcionando para uma publicação de blog — datada de 2023 — que detalha as políticas da empresa para lidar com “conteúdo que viola as políticas”.
“Estamos empenhados em garantir que as informações sejam precisas e que o conteúdo inútil seja removido”, diz o post no blog.
A decisão de restringir as contribuições de usuários sobre o Golfo da América parece ter sido motivada pela enxurrada de críticas de internautas insatisfeitos, que utilizaram a plataforma como forma de protesto político. Rapidamente, as redes sociais foram inundadas de reclamações sobre a impossibilidade de relatar a nova nomenclatura como um erro ou sugerir alterações. Também surgiram diversos relatos de remoção de avaliações.
Por outro lado, a gigante da tecnologia apenas aplicou suas regras já estabelecidas para moderação de conteúdo no Google Maps. A plataforma se baseia em dados de instituições oficiais como as Nações Unidas, a ISO e a FIPS ao definir nomes geográficos. Em um post no X, o Google esclareceu que utiliza informações do Sistema de Informação de Nomes Geográficos (GNIS) para nomear locais nos Estados Unidos. A mudança do nome do Golfo do México para Golfo da América decorre de uma atualização no banco de dados do GNIS, realizada após uma ordem executiva do ex-presidente Donald Trump.
E é exatamente aí que começa a controvérsia.
Com a nova padronização do GNIS, todas as referências ao local como Golfo do México passaram a ser consideradas pelo Google como “conteúdo falso”. O grande volume de denúncias e avaliações que mencionavam o nome anterior acionou o protocolo de “abuso em tempo real” da plataforma.
“Quando detectamos atividades suspeitas, agimos rapidamente e podemos implementar proteções para evitar mais abusos”, explicou Christina Wichiencharoen, gerente de produtos do Google Maps, na postagem de blog de 2023. “Isso pode incluir tudo, desde remover conteúdo que viole as políticas até desabilitar temporariamente novas contribuições.”
O Google esclarece que algumas dessas medidas são temporárias, enquanto outras podem permanecer ativas por períodos mais longos, dependendo da situação.
Além dessas salvaguardas de curto prazo, “também há proteções de longo prazo para lugares onde descobrimos que as contribuições dos usuários são consistentemente inúteis, prejudiciais ou fora do tópico”, acrescenta Wichiencharoen.
Resta saber onde o Golfo da América se encaixa nesse cenário.
Apple Maps e Bing Também Adotam a Mudança
Embora o Google Maps tenha sido o primeiro a implementar a nova nomenclatura, não foi o único. Tanto o Apple Maps quanto o Bing seguiram a mesma linha, substituindo o Golfo do México pelo Golfo da América. Ou seja, quem busca uma alternativa ao Google Maps pode não encontrar uma solução muito diferente.
